No dia 6 de maio de 2025, o Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados homenageou a memória de Elza de Matos Abreu, uma figura notável na área do direito em Portugal. Nesse dia, foi inaugurada a Sala Elza de Matos Abreu numa cerimónia emotiva que reuniu familiares, amigos, antigos estagiários e colegas.
Advogada de rigor, de carácter e de coragem, Elza de Matos Abreu dedicou a vida à advocacia com uma entrega que ultrapassou o exercício da profissão, que encarava como uma missão. Falecida em 2007, o seu legado permanece, firme e incontornável, com um percurso marcado por um forte compromisso com os valores que sustentam o Direito e a ética profissional.
Ao longo da sua carreira, desempenhou funções importantes na Ordem dos Advogados, tendo sido vogal entre 1975 e 1979, e vogal do Conselho Superior em 1981.
Além disso, dedicou-se à formação de novos profissionais do direito, atuando como formadora de Processo Penal no Centro de Estágio do então Conselho Distrital de Lisboa durante mais de 10 anos.
Uma mulher à frente do seu tempo, Elza de Matos Abreu foi Advogada numa altura em que a presença feminina nas estruturas de poder era ainda rara. Fez-se ouvir não por imposição, mas por mérito, clareza e integridade, segundo colegas.
O Conselho Regional de Lisboa lembrou, com esta homenagem, a voz firme, a inteligência serena e a dedicação incansável à causa da justiça. A sua memória é uma inspiração — não apenas pelo que fez, mas pela forma como o fez: com dignidade, com coragem e com uma visão clara do que significa servir o Direito e a sociedade.
A sua ausência é sentida. Mas a sua presença continua. Está inscrita na história da Ordem, instituição que ajudou a construir.
Nas palavras de Isabel Carmo, Coordenadora do Centro de Estágio:
“Elza de Matos Abreu foi advogada e formadora experiente, que deixou a sua marca, não apenas pelo conhecimento jurídico, mas sobretudo pela forma muito própria como o transmitia.
Ficou conhecida entre os Advogados Estagiários por evocar com frequência o Código Penal de 1926, numa atitude que misturava rigor, tradição e saudosismo jurídico. Nas sessões de formação, tinha o hábito carinhoso de apertar os ombros dos estagiários, como que a passar-lhes um peso simbólico: o da responsabilidade de ser Advogado, mas também o afeto de quem os queria ver crescer na profissão.”
Durante a cerimónia, destacaram-se as intervenções emotivas de dois antigos Estagiários, que Elza de Matos Abreu acompanhou e formou em momentos distintos, Icílio Ferreira e Ana Cristina Guerreiro da Silva. O Advogado Jenónimo Martins recordou a homenageada como uma “Advogada entre Advogados: uma mulher singular que não tendo filhos, tinha vários”, que fazia parte se uma escola de Advogados que se distinguiram por serem poucas, mas também por serem mulheres e excelentes profissionais.