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VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES E OUTROS PROBLEMAS NO FEMININO

 

Vivemos no Século XXI, num meio dominado pelo progresso tecnológico e pelo advento da Inteligência artificial, mas continuamos a ‘arrastar’ muitos problemas arcaicos, com séculos de vida, particularmente, no caso das Mulheres – começando pela desigualdade no trabalho, na relação vida profissional/pessoal/familiar e, claro, o fenómeno da violência de género, que se vem agravando e expandindo, pelo menos etariamente.

 

As mulheres e a sua situação perante o trabalho

Apesar de, na maioria dos sectores de atividade, as mulheres dominarem, em número, os postos de trabalho a verdade é que ainda há desconforto quando o diretor ou líder de uma empresa ou departamento é uma mulher, sendo a falta de mulheres em funções de liderança apontada em estudo internacionais como um dos cinco maiores problemas que as mulheres jovens e adultas enfrentam. 

Em Portugal, as mulheres representam menos de um terço dos cargos mais altos das empresas com a disparidade entre os géneros a agravar-se em empresas de grande dimensão, bem como em setores como o tecnológico, da construção e da energia (Estudo da D&B de 2022).

Além do tema da progressão na carreira, no feminino, há também as diferenças salariais: segundo dados da Comissão Europeia relativos a 2022, a disparidade de género era de 12,7% na União Europeia, ou seja, as mulheres ganhavam em média 12,7 por cento menos por hora do que os homens. Isto mostra que as mulheres ganham, em média, 87,3 euros por cada 100 euros ganhos pelos homens.

No que concerne à gestão e equilíbrio da vida pessoal com a vida profissional, em Portugal, o cuidar dos filhos já não é visto como um papel apenas destinado à mulher, como acontecia há alguns anos mas, ainda assim, para que haja uma mudança de paradigma é importante que os processos e planos de carreira das empresas sejam desenhados tendo em conta as diferenças ao nível familiar, o que implica que se abandonem planos de progressão de carreira que estavam desenhados apenas para homens. 

Por exemplo, para que as mulheres possam progredir nas suas carreiras e assumir funções de liderança, é necessário ter em conta todas as outras frentes em que uma mulher está habitualmente envolvida no seu dia a dia, sendo fundamental que, ao nível da empresa, se conte com uma equipa que apoie as suas competências e que na vida familiar se tenha uma estrutura de apoio que permita partilhar responsabilidades e tarefas.

A violência doméstica no topo das preocupações

A violência doméstica (VD) é o problema mais importante que as mulheres enfrentam em Portugal, continuando a ser o crime mais denunciado e o que mais mata em Portugal (dados de 2024, segundo a CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género). 

Apesar de já muito ter vindo a ser feito em Portugal, ainda há ainda um longo caminho pela frente para baixar o índice desta criminalidade, com mais de 8.400 denúncias a chegarem às autoridades até setembro do ano passado.

 

Dados trimestrais de crimes de violência doméstica relativos ao 4.º trimestre de 2023, publicados no Portal da Violência Doméstica, indicam que foram acolhidas na Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica 1296 pessoas, sendo 50,8% mulheres, 47,5% crianças e 1,7% homens. No período homólogo de 2022, o número de pessoas acolhidas foi de 1441 (54,2% mulheres,44,7% crianças e 1,2% homens). 

Registaram-se 6973 ocorrências participadas à PSP ou à GNR e foram cometidos 22 homicídios voluntários em contexto de VD (17 mulheres, 2 crianças e 3 homens). Em 2022 ocorreram 28 homicídios (24 mulheres, 4 crianças).

Violência alastra a mulheres cada vez mais jovens

O “Estudo Nacional sobre Violência no Namoro” de 2023, dinamizado pela UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, no âmbito do projeto ART’THEMIS, financiado pela Comissão para a CIG), demonstra que as jovens ainda aceitam situações de violência como fazendo parte do contexto ’normal’ de uma relação. 

O estudo regista que 67,5% não perceciona como violência no namoro, pelo menos, um dos seguintes comportamentos: controlo, violência psicológica, violência sexual, perseguição, violência através das redes sociais e violência física – um trabalho em que participaram mais de 6000 jovens do 7.º ao 12.º ano de escolaridade, do ensino regular ou profissional e de várias escolas distribuídas a nível nacional.

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